*Pelo Fim das linhas Burguesas Divisórias…

Destruindo As Barreiras e as Linhas Divisórias, Acaba-se com o Movimento Migratório: Pelo Fim do Regime Burguês de Produção e Dominação

*O movimento Migratório Atual – por villorblue

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algum tempo atrás, fui a uma exposição de fotografias no MON, do foto/jornalista Sebastião Salgado, fiquei pensando sobre o processo migratório e suas causas, desde 1993 Salgado vem fotografando o movimento migratório de seres humanos em todo planeta. Inteirei – me (surpreso), que quase cento e cinqüenta milhões de pessoas sofrem deste processo migratório atualmente e vivem fora de seus locais de origem, numero altíssimo se levarmos em consideração o aumento da população mundial atual que paira em torno de cem milhões de seres humanos anualmente. O aumento é ainda mais assustador, cerca de dez milhões de pessoas engrossam este cordão todos os anos, mantendo estas proporções, daqui a dez anos esta enorme fila migratória terá duzentos e cinqüenta milhões de pessoas, em 1985 eram trinta milhões. Partindo desta analise, Salgado andou por 45 países, durante 7 anos, 45 países é quase um quarto do numero total de nações, se levarmos em consideração os 202 países existente, (dados de 2002, de acordo com a Wikipédia), o que da ao seu trabalho uma importância impar.
Os primeiros povos a migrarem para as Américas (por volta de 48 a 60 mil anos) emigraram da Ásia, provavelmente atravessando o estreito de Bering, alguns teóricos pensam também, que povos oriundos da Polinésia, Malásia e Austrália atingiram a America do sul navegando através do Oceano Pacífico, esta seria outra corrente.
Próximo ao ano de 1500 habitavam o Brasil entre 5 a 6 milhões de nativos, (destes , sobreviveram em péssimas condições de vida e com suas culturas em frangalhos, aproximadamente 200 mil pessoas), poderíamos discorrer ainda mais sobre muitas situações historicamente conhecidas, mais isto não vem bem ao caso, o que eu gostaria de evidenciar seriam as “causas de repulsão e de atração” que evidenciam alguns destes movimentos migratórios em alguma regiões.
Partindo das três causas que a meu ver são as mais importantes, “perseguições político/regionais, econômicas e de natureza climática”, sigo minha linha de pensamento e procurarei me concentrar na atualidade, sendo que posso retornar a historia para ilustrar ou reforçar algum raciocínio.
Segundo o ACNUR (Auto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), a maioria dos refugiados internacionais migra em busca de empregos, ou melhores empregos e melhores salários, após isso vem ás causas de guerras, perseguições étnicas e religiosas, – não nesta ordem obrigatoriamente -, este movimento objetiva principalmente ao EUA e a Europa ocidental e se originam a partir da África, America do Sul e regiões sul e sudeste da Ásia, como podemos constatar, das nações mais pobres do planeta.
Se as causas principais de repulsão da migração atualmente são as acima citadas, poderemos pensar um pouco mais sobre as causas de atração.
Esta analogia é bem simples, mais a partir dela entraremos em uma noção maior. Tenho um trabalho atualmente, ganho muito pouco, na cidade vizinha tem varias empresas com muitos empregos e remuneração maior, a cidade tem uma qualidade de vida melhor. O que eu faço? Fico? Migro? Ai esta a duvida.
Para sobreviver mais confortavelmente, o sistema capitalista teorizou e generalizou. Nas regiões em que ele retira matérias primas para manter seu parque industrial manufatureiro, os salários são vergonhosos, em regiões onde estão implantados os parques industriais os salários são menos vergonhosos e onde estão alojados os executivos, as gerencias, diretorias, etc., os salários são bem melhores. O leitor quer um exemplo? A Adidas abriu uma fabrica na Ásia, mão de obra barata e matéria prima quase de graça, os executivos continuam no EUA com seus salários fabulosos, é assim com todas as transnacionais, carros, cigarros, alimentos, eletrônicos, informática, roupa, etc, etc…Um exemplo mais fácil de confirmar por estar mais próximo, a Cba, (companhia brasileira de alumínio) do grupo Votorantim, comprou a troco de bananas uma vasta extensão de terras na região do Vale do Ribeira (a região com o menor IDH do estado de São Paulo), na divisa entre Paraná e São Paulo, Brasil.
Porque comprou a preço de banana? Primeiro a região sofreu todo um processo de empobrecimento regional ao longo dos últimos anos, fatos divulgados na mídia, falta de investimentos sociais, inexistência de investimentos em infra- estrutura para escoamento da produção agrícola, criação de empregos, etc. A região em evidencia ficou abandonada por um longo tempo, noticiou-se que a Cba (Cia Brasileira de Alumínio) iria construir uma represa (Usina do Alto Tijuco) no rio Ribeira do Iguape, esta represa iria alagar uma vasta área e “ai daquele que teimasse em viver nas regiões abaixo”, na cidade vizinha, Apiaí em São Paulo, tem uma grande mineradora de Cimento, (matéria prima), em outro município limítrofe Adrianópolis no Paraná, tem uma mina (meio desativada..?) de chumbo, prata e ouro (matéria prima), dizem os moradores da região, mais esclarecidos e antigos, que as serras que serpenteiam a região são ricas em ferro, alumínio, prata, urânio e outros. Estas terras atualmente pertencem a Cba, a maioria foi comprada a um preço muito baixo, como a região há muito tempo esta sem investimentos nas áreas sociais, a população em geral, (os pequenos proprietários de terra, etc), venderam ou abandonaram as terras, indo engrossar as periferias das grandes cidades em busca de trabalho. Este exemplo, simplório, por estar mais próximo, faz com que entendamos melhor a situação global.
Nos últimos anos no Brasil, vemos constantemente migrantes morando clandestinamente nas grandes cidades. Quem são estes migrantes? Geralmente oriundos da África, Ásia e America do Sul e geralmente se movimentam por causas econômicas. Quanto ao movimento nacional, sempre tivemos uma grande movimentação da região nordeste e norte do Brasil rumo a região Sudeste/Sul, como a situação de empregos em São Paulo e Rio de Janeiro esta saturada atualmente, se detecta movimentos do Nordeste em direção a alguns estados do Norte (Tocantins, Pará, etc) originados do Piauí, Maranhão, e outros. E na região Sudeste nota-se também o contrario de anos anteriores, habitantes de origens nordestinas estão migrando ou retornando para sua região de origem.
Retornando aos movimentos internacionais, vamos citar um país de origem, poderia citar a China, qualquer região da África, Coréia, qualquer um, especificando citarei apenas a Bolívia. Temos visto constantemente na mídia principalmente em São Paulo, historias de bolivianos que migram e se vem envolvidos em algum problema, geralmente são vitimas de aproveitadores, que lhes tiram o pouco dinheiro que ganham, prometem rios e fundos e não cumprem o que prometem, estes irmãos trabalhadores, que arriscam tudo para conseguir um lugar ao sol, vivem escondidos, trabalham até 20 horas por dia para ter algum lucro, numa clássica relação corroída entre capital e trabalho, isto é, semi escravidão. Este é apenas um exemplo brasileiro, (isto é, falando apenas dos movimentos dentro do território brasileiro. No geral este tipo de problema é igual –só ampliando ou diminuindo suas proporções/micro ou macro- em todas as regiões do planeta onde existe a recepção de migrantes, veja o caso do Japão e seus migrantes brasileiros, “os decasséguis”, eles são vigiados quando entram em supermercados, lojas, etc.), talvez por ignorância e um perfeito desconhecimento da situação destes trabalhadores, olham estes migrantes como se fossem os grandes (ou parte) responsáveis pela péssima situação ou problemas em que vivem, ou por todos os problemas gerados na região onde moram e por serem geralmente pobres, são vistos abaixo da linha do preconceito, desprezados e se não bastasse a falta de benefícios e os baixos salários a que são submetidos em seus trabalhos semi escravos.
COMO O TRABALHADOR DE UMA NAÇÃO POBRE, VÊ UMA NAÇÃO RICA E IMPERIALISTA…
Esta visão serve para quaisquer países em qualquer continente, para facilitar o entendimento exemplificaremos o Brasil como receptor do movimento.
Como um paraguaio, peruano, boliviano, etc, vê o Brasil lá fora? Geralmente sendo este trabalhador um pouco mais consciente, pensa de primeira, é um pais rico e imperialista. Espera lá. Imperialista? Com certeza, desde há muito tempo. Lembram do tratado de Tordesilhas? E da guerra do Paraguai? E a situação do Acre? E do estado de Santa Catarina? A mudança destas divisas e ganho de território foram simples manobras imperialistas, tenho em consciência que toda nação receptora de movimentos migratórios são diretamente responsável pelas regiões pobres do planeta.
Se existe regiões empobrecidas, os mais ricos exploram suas matérias primas como um aspirador de pó absorve a poeira de um tapete. Só os países mais ricos têm parques industriais para transformar esta matéria prima em objetos comerciáveis, apenas eles possuem também saída para estes produtos através das câmaras mundiais, sendo assim impõe a estas matérias prima o preço que querem, relegando aos mais pobres apenas o trabalho e o (in) conformismo.
O Brasil é visto pelo proletário da America Latina, África, sul e sudeste da Ásia, como um país rico e imperialista (não me refiro a população extremamente pobre e as suas tristes realidades), a historia e os dados estão aí para atestar este imperialismo e os índices confirmam que o pais (não a população) não é pobre (PIB, reservas internas e internacionais, arrecadação de impostos, etc.), miserável somos nós, sua massa explorada, esta miséria geralmente não é mostrado no exterior, infelizmente a propaganda internacional mostra apenas mulheres de biquíni, corpos torrados ao sol, como se o Brasil fosse apenas uma grande nação de fornicadores e lascivos.
Como entrar no Brasil é mais fácil do que entrar em países da Europa ocidental e EUA, o Brasil seria uma das opções para se trabalhar e ganhar dinheiro, por três motivos maiores, em parte por se falar o português, o brasileiro aceita razoavelmente o migrante, temos muitas empresas (micro, pequenas, e medias) que admitem estrangeiros sem constrangimentos, incluindo neste aceite os clandestinos, estas facilidades agem como um farol sobre os mais pobres de outros países, norteando e obcecando.
Na idade media o tema dos bárbaros colonizadores, era “não existe pecado ao sul do equador”, isso prevalece como se fosse um arquétipo maldito (este lema foi um dos grandes responsável pelo extermínio da nação indígena brasileira).
Voltando um pouco, se exige pouco das empresas que exploram matéria prima nas áreas das, relações do trabalho, ecologia e sociais, as matérias primas geralmente são vendidas na sua forma pura para outros países (a não ser em países do primeiro mundo onde geralmente são beneficiadas e manufaturadas no local de extração, ver o vale do silício na Califórnia-EUA), deveriam ser beneficiadas em seus locais de extração, se assim ocorresse, seriam gerados um grande numero de empregos nos países do terceiro mundo, contribuindo para o aumento do IDH nestas regiões e segurando os trabalhadores em suas regiões de origem, reduzindo em muito o movimento migratório.
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS SOBRE O TRABALHO DE MIGRANTES ILEGAIS..
Local: Japão, qualquer estado ou cidade, alguns decasséguis moram num prédio de apartamentos simples, dividem um quarto/cozinha, trabalham para um empreiteiro que não conhecem bem o nome, não tem carteira assinada, não tem benefícios, não tem convenio medico, não tem décimo terceiro, apenas saem de férias quando ocasionam férias coletivas na empresa, 15 ou 20 minutos de almoço, não podem financiar imóvel, carro, ou quaisquer bens duráveis, compram somente a vista, não podem se envolver em acidentes de transito. Como vemos, não difere muito de trabalhadores estrangeiros que moram e trabalham no Brasil, ilustrei este constatado, apenas para mostrar que as contradições entre o capital e o trabalho são comuns em qualquer lugar do planeta, apenas minimizado em algumas regiões, este exemplo poderia acontecer nos EUA, Alemanha, França, ou qualquer outro país, o capital abre e fecha filiais em qualquer parte do mundo, não se importa com o ser humano, ele migra ao bel prazer. Para abrir uma fabrica no Brasil e oferecer 750 empregos diretos, uma indústria automobilística francesa fechou uma fabrica na Bélgica onde mantinha 7500 postos de trabalho diretos (Para onde foram estes trabalhadores demitidos?), isso é apenas um exemplo entre milhares. O sistema só não consegue mudar os locais de exploração das matérias primas.
CONCLUSÃO
Gostaria ao concluir, explanar algumas idéias para tentarmos, senão sanar definitivamente (não acredito que nos parâmetros do sistema capitalista estes conflitos sejam solucionados definitivamente), ao menos amenizar o gravíssimo problema do movimento migratório, não é concebível, seres humanos trabalhando em condições subumanas em regimes escravagistas ou semi-escravagistas apenas porque vêem de uma região mais pobre, por pertencer a outras minorias, etc., na situação de foragidos ou banidos políticos, ou então por causa de cataclismos naturais, ou simplesmente por pertencer às áreas mais pobres do planeta, todos devemos ser respeitados dignamente. Se o sistema vigente não tem capacidade para solucionar esta e outras situações degradantes referente ao ser humano, que reconheça. Só assim a humanidade poderá debater e encontrar seu caminho. Para abrir a discussão, seleciono alguns tópicos para serem colocados em prática a curto e médio prazo, estes tópicos, apesar de gerarem um grande trabalho para sua concretização, são viáveis.

• Beneficiamento das matérias no local de origem de extração, ex. minério do ferro, alumínio, cobre, cal, cimento, madeira, grãos, subprodutos do petróleo, etc.
• Após serem beneficiadas estas matérias (não havendo condições de serem manufaturadas no local), as empresas compradoras por excelência devem exigir das vendedoras as, ISO’s 9000, 14000 e 18000, que regem sobre o controle das qualidades ambientais e das relações do trabalho.
• Um fundo internacional (teoricamente já existe) uma espécie de tributo cobrado de empresas transnacionais e destinados a educação e saúde em países do terceiro mundo, principalmente as regiões mais pobres do planeta, para que não houvesse desvios este fundo seria aplicado pela FAO e UNESCO, seria fiscalizado por ONGs, associações locais, organismos internacionais de auditoria, toda a comunidade envolvida, sindicatos, etc., quanto mais fiscalização mais eficiente sua distribuição.
• Uma reformulação dos salários nas regiões onde originam os disparos emigratórios, para que estas regiões se tornem atrativas para todos. As nações devem envolver-se neste processo, através de fóruns constantes e soluções diretas e praticas.
• O debate constante em fóruns, seminários, nas escolas, nas igrejas, dentro de secretarias e ministérios de governos, para solucionarmos definitivamente o problema dos preconceitos raciais, sociais, étnicos, sexo, etc. …

Com alguns destes tópicos alinhados, gostaria agora de prendê-lo um pouco mais nesta leitura e falar sobre alguns relatórios atuais de organismos com aos quais não tenho duvidas sobre exatidão e seriedade:
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o aumento dos preços dos alimentos no mundo fez o numero de famintos aumentar em 40 milhões em 2008. a FAO divulgou na data de 09/12/2008 que a fome já atinge 963 milhões de pessoas. A FAO disse ainda que a crise mundial levara ainda mais pessoas a esta condição. Segundo a FAO, os problemas estruturais da fome, como falta de acesso à terra, ao credito, e ao emprego, combinados com o aumento dos preços dos alimentos permanecem como uma dura realidade para milhões de pessoas . A FAO relatou ainda que grande maioria destes famintos -907 milhões- vive nos países pobres. Destes, 590 milhões moram em sete países, são estes; Índia, China, Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia, este mesmo relatório informa que na África Subsaariana, um terço da população -236 milhões- vive em estado de fome crônica. Sendo a maior proporção dentre os continentes. O Congo foi disparado o país Africano onde a fome mais se alastrou. A população de famintos passou de, 26 por cento em 2003/05 para 76 por cento em 2008. Na America Latina e Caribe, a fome atinge 51 milhões de pessoas atualmente.
Outro relatório desta vez emitido pela Comissão Econômica para a America Latina e o Caribe, ( Cepal ), informa que a crise do “sistema capitalista” (eles não usam sistema capitalista, usam crise financeira global), provocara um aumento no numero de pobres e indigentes na America Latina nos próximos anos, acirrando ainda mais os problemas que atravessamos.

Minha opinião para abertura de uma discussão sobre o tema “MOVIMENTO MIGRATÓRIO”.
Como em todas as crises da historia, quem sofre realmente são as massas oprimidas, pagando um alto preço pela dissolução dos problemas do sistema de exploração, nada mais sensato que, as massas tomem as rédeas para a condução de uma sociedade onde realmente a fraternidade e a solidariedade sejam focados como ponto central de todas as políticas. Não vejo outra solução.

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*Eles apenas pensavam e protestavam…foram assassinados – por villorblue

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43 crianças sequestradas e assassinadas no dia 27 de setembro de 2014… México e o extermínio sistemático dos povos autóctones nas AméricasIsso é uma herança do maldito psi e parece não ter fim…

O que aconteceu no México, após o 27 de setembro de 2014? As fotos em redes sociais, o vídeo na Internet, e acima de tudo, as experiências pessoais de boca transmissíveis, passeatas realizadas, intervenções artísticas e políticas em espaços públicos, greves em universidades e milhões de pessoas indignados com um evento que já passou as fronteiras nacionais. “Vivos foram levados, vivos nós queremos!”, “Não somos nós todos, faltando 43”, “Somos todos Ayotzinapa” “Você pode ser você, eles poderiam ser seus filhos” fazem parte dos slogans que gritavam nas últimas semanas, cansados de impunidade e vendo essa afronta à sociedade como os professores-alunos. É a consciência coletiva que ganhou uma batalha feroz contra o individualismo até então invicto. E é por isso que não é raro (quando você acessa os solidários do Facebook ou do Twitter) ver banners mexicanos em vários idiomas, mostrando fisionomia solidaria: “A sua luta é a nossa luta”, “Nous Sommes Tous Ayotzinapa” ” Demokratie em Mexiko ist ein Betrug “. A partir da eleição de 2012, Colima começou a cantar no mesmo tom que o resto do país, ou pelo menos uma parte da sociedade de Colima. A quarta-feira do lado de fora da catedral, na marcha organizada pelo CEU e por estudantes de filosofia, podemos ver unidos os zapatistas, as feministas de diferentes grupos, artistas, professores, sindicalistas, estudantes organizados e não organizados e uma série de pessoas difíceis de classificar. É Colima se opondo solidariamente ao silêncio indolente das elites.

Leia mais;…http://ceucolima.blogspot.com.br/

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*A Syngenta na guerra do Vietnã

Leia tambem: https://radioproletario.wordpress.com/2016/01/12/mosquitos-geneticamente-modificados-liberados-aos-milhoes-inclusive-no-brasil/

História e Sociedade (27)

A Syngenta é uma empresa transnacional do agronegócio com sede na Suíça. A empresa tem operações em mais de 90 países, e emprega mais de 19.500 pessoas. Em 2006, suas vendas foram de US$8,1 bilhões, tendo 80% de sua receita proveniente de agrotóxicos e 20% da produção de sementes. A Syngenta é a terceira maior empresa do setor de sementes no mundo.

A Syngenta resulta de mais de dois séculos de fusões de empresas européias do setor químico. Segundo Brian Tokar, o antecessor mais velho da Syngenta foi J.R. Geigy Ltd., que foi fundada na Suíça em 1758, e começou a produzir químicos industriais inclusive tintas, tinturas e outros produtos. A Geigy ficou famosa e rica quando descobriu a eficácia inseticida do Dicloro Difenil Tricloroetano (DDT, atualmente, produto este proibido em boa parte do planeta). A Syngenta também tem raízes na Industrial Chemical Industries (ICI), uma empresa de explosivos fundada na Grã Bretanha em 1926 por Alfred Nobel, o inventor da dinamite. A ICI abastecia as Forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial com explosivos e químicos para uso como arma química. Em 1940, a ICI descobriu as propriedades seletivas do ácido alphanapthylacetic, e sintetizaram os herbicidas MCPA e 2,4-D. O herbicida, agente laranja como é conhecido popularmente, derivado do 2,4-d, posteriormente foi usado pelos militares dos estados unidos durante a guerra imperialista do Vietnã , a grande propaganda de guerra americana na época, dizia que o agente laranja era utilizado para desfolhar as arvores, porém na realidade era utilizado para desfolhar a carne dos norte-vietnamitas. Em 1970 a Geigy e a Ciba se fundiram para formar a Ciba-Geigy, uma grande empresa com operações em mais de 50 países. Em 1994 a ICI desmembrou seus setores de químicos farmacêuticos e agrotóxicos dando origem à Zeneca Group PLC. A Zeneca fundiu-se com a Astra AB da Suécia em 1998, criando a AstraZeneca. Em 1996, a Sandoz, uma outra empresa Suíça formada em 1876, fundiu-se com a Ciba-Geigy para formar a Novartis, a maior fusão empresarial na história daquela época. Em 2000, a Novartis fundiu-se com o setor do agronegócio da AstraZeneca, formando a Syngenta, o primeiro grupo global focado exclusivamente no agronegócio.

A biotecnologia é muito importante para a Syngenta. Entre 2001 e 2002, a Syngenta foi responsável pela maior contaminação genética da história, quando vendeu ilegalmente sementes transgênicas de milho BT10 aos agricultores nos Estados Unidos. Este milho transgênico entrou nos sistemas alimentares dos humanos e de animais. A Syngenta também é líder no desenvolvimento da “Tecnologia Terminator”, um processo de engenharia genética que torna sementes estéreis numa tentativa de forçar os agricultores a sempre comprarem suas sementes, em oposição à prática camponesa de selecionar, cuidar e compartilhar sementes livremente.

O Crime da Syngenta e a Ocupação

rolo compressor agroprodutivo

A Ciba-Geigy começou suas operações no Brasil em 1971 e passou a ser demominada Syngenta em 2001. No início de março de 2006, a Terra de Direitos, uma organização localizada em Curitiba, que atua nas áreas de direitos humanos e meio ambiente, e trabalha com os movimentos sociais, denunciou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA), que a Syngenta e doze outros produtores plantaram ilegalmente soja transgênica na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu. Dado a suas ameaças à biodiversidade, por determinação da legislação federal brasileira, é proibido cultivar transgênicos na zona de amortecimento dos parques nacionais. Uma investigação feita pelo IBAMA confirmou que a Syngenta e os agricultores violaram a lei ambiental federal e multou a todos. A multa da Syngenta é de aproximadamente US$465,000. Enquanto todos os agricultores recorreram à multa, perderam e em seguida pagaram suas multas, a Syngenta tem se recusado a reconhecer qualquer crime, sendo a única que ainda não efetivou o pagamento.

Após a investigação do IBAMA ter confirmado a violação da lei federal pela Syngenta, a Via Campesina ocupou não violentamente o seu campo experimental. A Via Campesina e a Terra de Direitos defendem legalmente a ocupação com base num artigo constitucional que diz que a terra precisa cumprir uma função social. Eles argumentam que o campo experimental da Syngenta não estava cumprindo a sua função social, e que o cultivo ilegal da soja transgênica na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu constituiu uma ameaça direta à sociedade brasileira, porque colocou em risco sua biodiversidade, os recursos naturais e o sistema alimentar do país.

Em julho de 2008, a Terra de Direitos e a Via Campesina lançaram uma campanha internacional de solidariedade, conquistando apoio de mais de 75 organizações de todo o mundo. A campanha dirigiu emails diretamente para Pedro Rugeroni, chefe da Syngenta no Brasil, exigindo que a empresa reconheça seu crime e pague a multa ao IBAMA. A campanha também dirigiu emails ao Governador Requião (Paraná), motivando-o a desapropriar o sítio da Syngenta. Em resposta, a Syngenta comprou uma página inteira nos dois maiores jornais brasileiros, onde publicou uma mensagem em sua defesa. Na sua resposta hostil aos apoiadores da campanha internacional, continuou negando qualquer crime e atacou a “invasão ilegal” do seu campo experimental.

Segundo a Céleres, especializada em agronegócio, o total da área plantada com cultivos geneticamente modificadas em 2013, chegou a 37,1 milhões de hectares, o que representou um aumento de 14% em relação ao ano anterior (que por sua vez, já tinha registrado um aumento de mais de 21% em relação à safra de 2010/2011) – ou seja, 4,6 milhões de novos hectares dedicados a variedades transgênicas.

Segundo o IBGE em 2013, a área recorde dedicada à atividade agrícola no país de 67,7 milhões de hectares. Cruzando o dado do IBGE com o da consultoria Céleres, chega-se à conclusão de que os transgênicos responderam por 54,8% de toda a área cultivada na safra 2012/2013 no país. Os maiores produtores entre os países em desenvolvimento são Brasil, Argentina, Índia e China. Ironicamente, no pais sede da ‘sungenta’  (proposital) não se planta transgênicos.  “Variedades de algodão resistente a insetos são os cultivares transgênicos comercialmente na Ásia e na África”, diz a FAO. Na América Latina, “são a soja  seguida pelo milho resistente a inseto”. Nem os insetos querem produtos transgênicos…

Como vemos, suecos, suíços, americanos, ingleses, canadenses, etc, são todos santos…

O que já estamos consumindo de transgênico direta ou indiretamente : Milho, soja, algodão, mamão papaya, queijos, trigo, centeio, abobrinha, arroz, feijão, salmão

Fonte : http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/02/130207_transgenicos_cultivo_tp

Isto tudo parece um filme de terror.

Por: villorBlue

*Isto é Fascismo – SVB Resgate

Do: COUNTER PUNCH

Fonte da fotografia: SWinxy – CC BY-SA 4.0

A própria falência pública do SVB (Banco do Vale do Silício) está levantando preocupações sobre uma nova onda de falências de bancos que ameaça as economias ocidentais. O subtexto é o medo residual de que a crise bancária anterior (meados dos anos 2000) nunca foi tratada adequadamente. Os próprios banqueiros que afundaram o sistema bancário naquela época receberam trilhões em generosidade pública para cobrir suas perdas, mas o sistema de provisão de crédito de Wall Street para alimentar o capitalismo nunca foi reconsiderado. Como disse o então secretário do Tesouro, Timothy Geithner, ‘os EUA não nacionalizam (de bancos)’.

Parte do cálculo político por trás dos resgates anteriores foi o papel de Wall Street no apoio ao imperialismo americano. O neoliberalismo foi reivindicado de forma construtiva como sendo uma “guerra por outros meios” porque transferia riqueza da periferia econômica para o centro sem que um tiro fosse disparado. O comércio deveria substituir a guerra, dizia a teoria. O fato de os EUA terem sido a nação mais capitalista e mais militarista do mundo no século passado pouco contribuiu para desacreditar essa teoria entre os verdadeiros crentes. Esses verdadeiros crentes agora dirigem os EUA.

Após décadas de retórica enganosa de ‘livre mercado’ nos EUA, o governo Biden está atualmente baseando suas políticas econômicas na guerra econômica com a China e a Rússia, não no ‘livre’ comércio. Na verdade, a CIA e o MIC estavam sempre em segundo plano, suavizando os capitalistas relutantes com bombas de fragmentação e fósforo branco. A lógica americana atual provavelmente considera o uso de bancos estatais pelo estado chinês para alocar crédito como equivalente à prática americana de entregar trilhões em resgates aos banqueiros americanos que explodiram o mundo ocidental em 2008.

Gráfico, histogramaDescrição gerada automaticamente

Gráfico: os resgates em série do governo Obama para Wall Street salvaram os grandes bancos que causaram a crise, ao mesmo tempo em que sacrificaram os bancos pequenos e médios que não causaram. O conjunto de falências dos bancos americanos de 2008 a 2011 foi resultado direto da má conduta de Wall Street no período que antecedeu a crise. Essa bifurcação na forma como os bancos foram tratados deixou e refletiu os interesses dos grandes bancos predatórios que ficaram no comando da economia dos EUA. Fonte: FDIC.

O colapso e resgate federal quase instantâneo de depositantes não segurados no SVB (Banco do Vale do Silício) pelo governo Biden fornece informações sobre o papel contínuo da tecnologia, das finanças e do MIC na governança americana. A retórica em torno de ‘salvar o sistema (bancário)’ é a verdade local escondida dentro do problema maior da ordem neoliberal decadente. O ‘sistema’ que está sendo salvo está direta ou indiretamente ligado às guerras eternas americanas, ao declínio ambiental, a um sistema econômico predatório e extrativista e à crescente repressão política.

Então, de um lado, tinha um banco (SVB) cujo passivo excedia o seu valor (do banco) que precisava ser resolvido. Por outro lado, havia questões sobre o papel do ‘sistema’ bancário economicamente, bem como o papel mais amplo de Wall Street, no imperialismo americano. Antes de 2008-2009, havia uma longa história de crises bancárias, bem como um conjunto de regras para determinar quais bancos eram viáveis ​​e quais não eram. Em 2009, o governo Obama jogou no lixo essa história e as regras que anteriormente haviam levado à resolução bem-sucedida de crises bancárias.

No momento, não se sabe se os problemas do SVB se transformarão em um pânico bancário maior. Independentemente disso, e até um ponto levantado pela primeira vez por Krystal Ball, a decisão de Joe Biden de resgatar depositantes não segurados garante implicitamente todos os depósitos não segurados mantidos pelos bancos dos EUA. A alternativa era apreender (colocar na liquidação do FDIC) o SVB e vender seus ativos para cobrir depósitos segurados e não segurados sem resgate. Os depositantes não segurados teriam recebido 85 – 95 centavos de dólar nesse cenário. Na verdade, esse esforço de recuperação está em andamento após o resgate federal.

Em outras palavras, sem um salvamento, os depositantes segurados no SVB teriam recebido todo o seu dinheiro de volta e os depositantes não segurados teriam recebido cerca de 90 centavos/dólar. Este parece ser um pequeno preço a pagar para incutir a devida diligência básica nas transações financeiras. Mas aqueles que teriam pago o pequeno preço são 1) conectados através do poder da Big Tech e 2) os futuros ‘inovadores’ e ‘disruptores’ com os quais o estado americano conta para vigiar e controlar o resto do mundo. Embora haja contexto, não é por acaso que os liberais americanos são os maiores defensores da espionagem federal, censura e repressão política no presente.

O esforço de Joe Biden para prevenir o risco de contágio bancário levanta a questão de como tal risco é possível após os resgates de 2008-2009? Na verdade, o economista financeiro Hyman Minsky respondeu a essa pergunta há tanto tempo que seu trabalho foi regularmente referenciado na crise do final dos anos 2000. A competição entre bancos e banqueiros para fazer empréstimos leva à deterioração da qualidade do crédito a ponto de os credores começarem a inadimplir, ponto em que a confiança no ‘sistema’ implode e um pânico bancário se instala. teorias de Minsky.

Minsky não era um crítico marxista do capitalismo. Ele era um economista financeiro que olhou para o setor bancário e relatou o que encontrou. Assim, enquanto Marx cobriu um território semelhante por meio de sua teoria do ‘capital fictício’, a regulamentação adequada das finanças resolveria o enigma do crédito de Minsky, pelo menos em teoria. Na verdade, após a entrega pela administração Obama de vários trilhões de dólares em dinheiro grátis aos banqueiros de Wall Street após a crise de 2008-2009, o Federal Reserve e o Departamento do Tesouro fizeram tudo ao seu alcance para iniciar outro ciclo de crédito.

Isso foi referido na época como ‘chutando a lata no caminho’, uma referência ao caráter temporário das reformas em meio à garantia histórica de que a próxima crise estava em processo de criação. A eleição de Donald Trump em 2016 deveria ter indicado uma desconexão entre o que as elites americanas acreditavam sobre o estado das economias ocidentais e seus estados reais. A tecnologia e as finanças têm estado nas gotas de metanfetamina patrocinadas pelo governo federal como indústrias patrocinadas pelo estado que mantêm os lucros privados, enquanto socializam suas perdas. Enquanto os liberais chamam isso de ‘socialismo do limão’, a maioria dos americanos acredita, por ouvir isso no século passado, que é simplesmente o velho socialismo.

Em 2018, o governo Trump, em resposta ao lobby de banqueiros conectados, assinou uma legislação reduzindo a regulamentação dos bancos de médio porte, categoria na qual o SVB se enquadra. O que não foi declarado na maioria dos relatos é que o ex-representante Barney Frank – o ‘Frank’ na legislação Dodd-Frank de 2010, fez lobby no Congresso para minar sua própria legislação. O Sr. Frank deixou o Congresso para atuar como Diretor do Signature Bank, que recentemente teve um destino semelhante ao SVB em ‘apostas’ equivocadas em criptomoeda.

Os defensores dos recentes resgates afirmam que o SVB tornou-se insolvente enquanto colocava ativos bancários em investimentos “seguros”. Na verdade, os títulos do tesouro de longo prazo que supostamente detinha sobem ou descem de valor inversamente às mudanças nas taxas de juros. Embora isso possa parecer técnico para os leitores, gerenciar o risco de taxa de juros é uma das funções mais básicas da administração de um banco. A administração do SVB estava apostando na direção das taxas de juros com uma ‘aposta’ grande o suficiente para afundar o banco, isso é evidência de incompetência grosseira e falha regulatória.

Se não me falha a memória, Yves Smith descreveu o SVB como um “banco comercial” que atende à indústria de tecnologia, uma referência à distinção regulatória feita nas reformas bancárias da Grande Depressão entre os bancos detentores de depósitos segurados e os bancos de investimento comumente conhecidos como Wall Street. Os leitores podem se lembrar da rápida conversão por volta de 2009 dos bancos de investimento de Wall Street em instituições detentoras de depósitos para torná-los elegíveis para resgates federais. É bastante ameaçador se Wall Street foi recriada dentro de instituições comuns de depósitos segurados.

O caso do SVB difere em aspectos importantes dos resgates de 2008-2009. Joe Biden aparentemente entendeu que era politicamente inviável resgatar ações e detentores de títulos do SVB – como Obama / Biden fez em 2008-2009, então era aparentemente aceitável para a administração do SVB pagar grandes bônus e vender suas participações em ações bancárias nos dias e semanas antes de entrar na administração federal. Como os bônus da AIG pagos aos bandidos que assinaram contratos de seguro financeiro sem financiá-los, o SVB pode explicar os bônus sem legitimá-los. Que a administração do SVB estragou uma aposta de ‘duração’ (taxa de juros) sugere incompetência de classificação.

Como deve ser evidente, esses resgates de ‘sistema’ em série não salvam o sistema, eles criam um novo. O SVB surgiu após os resgates bancários de 2008-2009, momento em que a Big Tech era vista pelo governo Obama como uma ponta imperial. Por trás da retórica neoliberal de ‘mercados livres’ está o imperialismo americano, a unidade do estado com objetivos corporativos para projetar o poder ‘americano’ em todo o mundo. Isso funcionou internamente, desde que o New Deal fornecesse alguns fatos e a aparência de unidade econômica por meio da “nação”.

Essa acomodação – onde os trabalhadores lutavam e morriam por objetivos nacionais, desde que a recompensa por isso fosse distribuída equitativamente, desapareceu quando o imperialismo dos EUA foi (mais uma vez) voltado para dentro no final dos anos 1970. A aprovação do NAFTA (1994) e a concessão total de privilégios à China na OMC (Organização Mundial do Comércio, 2001) criaram um novo proletariado nos EUA. Então George W. Bush mentiu (2003) sobre este novo proletariado para matar e morrer no Iraque para aumentar o valor das opções de ações de Dick Cheney, seguido pelos salvamentos de Wall Street de Barack Obama que foram indesculpavelmente corruptos pelos padrões históricos.

Isso pode ser lido como um julgamento indevido, sem conhecimento da história das crises bancárias. O problema histórico de ‘salvar’ banqueiros corruptos é que eles corrompem a função de alocação de crédito do capitalismo ocidental por meio de fraude e autonegociação. Como era a prática com os bancos de investimento, o SVB teria armado fortemente as empresas com as quais mantinha relações bancárias comerciais para manter seus depósitos no SVB. Garantias de apologistas do setor bancário de que a administração do SVB passará o resto de sua vida em litígios imaginam que os EUA processam banqueiros. Não na história recente.

Este breve resumo das dificuldades do setor bancário é análogo ao programa de televisão dos anos 1970 ‘Estilos de vida dos ricos e famosos’. A questão de como os seres humanos reais que não nasceram na classe de recebimento de resgate estão sobrevivendo não está sendo feita. Na verdade, as métricas econômicas pelas quais os EUA se medem estão mostrando sinais de envelhecimento. Embora administrar a mesa de taxas de juros da Goldman Sachs e trabalhar na caixa registradora da Walgreens sejam ambos empregos, um paga mais do que um salário mínimo e o outro paga um pouco menos. Portanto, contar ‘empregos’ é pouco informativo em um mundo onde trabalhar nem sempre compensa.

Na parte dos Estados Unidos em que moro, os preços das casas de nível médio e baixo no Nordeste dobraram e triplicaram nos últimos três anos. Eles continuaram a subir, apesar dos aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve, que historicamente teriam reduzido os preços das casas. Por volta de 2010, os bancos de Wall Street começaram a usar fundos de resgate federais quase gratuitos para comprar as casas que estavam sendo executadas por suas divisões de hipotecas. Desde meados de 2010, os ‘compradores de portfólio’ de Wall Street e AIRBNB têm oferecido preços de casas acima do alcance dos locais, que são seus compradores ‘naturais’.

Gráfico, gráfico de linhasDescrição gerada automaticamente

Gráfico: poucos leitores provavelmente entendem o quão profundamente permitir que Wall Street compre casas ferrou os americanos comuns. A tradição pandêmica dizia que a liberdade geográfica do trabalho remoto levou a um êxodo em massa das cidades em busca de locais mais baratos e fáceis. Na verdade, as compras do AIRBNB sozinhas explicam a maior parte do aumento dos preços das casas. E coincidente com a propriedade de casas unifamiliares em Wall Street, houve um aumento nos aluguéis, pois as alternativas ao aluguel se tornaram inacessíveis. Fonte: zerohedge.com

As escolhas políticas que se seguiram à crise financeira de 2008 e à Grande Recessão – uma década em que o Federal Reserve manteve as taxas de juros abaixo de suas taxas “naturais” ou “de mercado” por meio do que é chamado de repressão financeira – criaram uma “busca por rendimento” que levou aqueles que esperavam investir o novo dinheiro que está sendo criado pelo Fed (através de seu apoio aos preços dos ativos financeiros) para assumir riscos cada vez maiores para encontrá-lo. A ‘bolha de tudo’ foi o resultado. Os preços dos ativos financeiros e das casas dispararam para superar o que apenas uma década atrás era considerado a maior e mais destrutiva bolha financeira da história moderna.

Para entender o problema, Wall Street e os compradores de “portfólio” das casas nas quais as pessoas precisam morar estão trabalhando com economias diferentes. Os compradores de Wall Street estão olhando para modelos de fluxo de caixa com desconto de trinta anos, enquanto os cidadãos comuns estão limitados à quantidade de crédito que os credores hipotecários consideram que suas rendas suportam. Uma casa de $ 100.000 para trabalhadores pode valer $ 250.000 usando um modelo de fluxo de caixa descontado. O resultado: Wall Street (incluindo listas do AIRBNB) comprou a maior parte do estoque de imóveis disponíveis à venda nos últimos anos.

No entanto, a diferença no risco de tomar $ 250.000 emprestados para comprar uma casa versus $ 100.000 é imensa quando multiplicada pela quantidade de casas vendidas nos últimos anos. A teoria capitalista de que algo vale o que alguém pagará por isso deixa o poder de precificação fora de consideração. Os compradores de Wall Street obtêm uma taxa de juros “interna” que geralmente está muito abaixo daquela paga pelos tomadores de empréstimos comuns, apesar da implosão regular de Wall Street por meio de crises bancárias. Na ausência de concentração geográfica ou setorial entre os compradores de imóveis comuns, apenas Wall Street está sujeita ao risco sistêmico que é alvo de resgates federais.

A questão é que facilitar a compra de infraestrutura crítica – e habitação é infraestrutura crítica, por Wall Street é predatório, míope e desestabilizador sistemicamente. Permitir hotéis não licenciados (AIRBNB), táxis não licenciados (Uber) e a recusa sistemática de cobrar impostos estaduais e locais para compras on-line (Amazon) reflete um ethos ‘individualista’ artificial e totalmente sem sentido do capitalismo, em que indivíduos nascidos em países resgatados classe efetivamente governar os EUA. Este é o contexto político em que Joe Biden resgatou gerentes bancários e depositantes corporativos corruptos e/ou incompetentes do SVB”.

Arquitetura política onde um pequeno grupo de políticos, oligarcas e executivos corporativos apagam as linhas entre os interesses corporativos e estatais para usar os recursos estatais para seu próprio benefício enquanto tratam a população como caipiras e marcas que merecem ser exploradas 1) descreve razoavelmente bem os EUA atualmente e 2) se enquadra na definição do fascismo italiano como corporativismo de Estado. Acrescente o militarismo desequilibrado motivado por objetivos imperialistas e a ‘democracia liberal’ parece fascismo para aqueles que a recebem.

É claro que essa visão da arquitetura não é amplamente compartilhada, com a maioria dos americanos confiando na escolha imaginária que o voto em candidatos de partidos duopolistas fornece. O que falta nessa visão é a proletarização dos EUA que ocorreu nas últimas cinco décadas, com exceção da PMC (Professional-Managerial Class), que administra os assuntos estatais e corporativos para os ricos. A gênese do PMC a serviço do poder é papaguear a lógica dos ricos em troca de privilégios que os 85% restantes da população não recebem.

O SVB, como o SBF (Sam Bankman Fried) da infâmia criptográfica antes dele, é um cata-vento útil para ler a direção dos ventos predominantes, mas não muito mais. O sistema que o produziu está se desfazendo, com mortes em massa de Covid muito desproporcionais ao tamanho da população, sistemas de saúde e bancários falidos, uma guerra por procuração em andamento que arrisca a aniquilação nuclear e um governo que vê seu papel como trabalhar com corporações para saquear o mundo. Subestime o risco de resultados verdadeiramente horríveis por sua própria conta e risco.

Por último, em uma nota pessoal, eu e a maioria das pessoas que conheço estamos tão zangados com esse estado de coisas que não vejo como os sindicatos políticos existentes se sustentam. As pessoas que dirigem o país nunca se importaram muito conosco, mas a unidade na ‘nação’ levou a um senso de interesses compartilhados que desapareceu com a virada neoliberal. Como escrevi antes, os revolucionários não fazem revoluções, o poder existente sim. Embora eu não esteja prendendo a respiração, se a atual liderança política não levar a uma revolução, a revolução não é possível.

Rob Urie é um artista e economista político. Seu livro Zen Economics  é publicado pela CounterPunch Books.